- S. Mamede de Infesta cujo povoamento do território, que hoje lhe é pertença, se deveu, certamente, ao reordenamento que os romanos impuseram em toda a região, obrigou os habitantes do Castro de Guifões , a descerem para as margens do Leça, a fim de aí implantarem uma agricultura intensiva, mais rentosa. Dessas antigas explorações rurais, emergiu a Villa Manualdi, (do nome Manualdis, um presor germânico que dela se terá apropriado).
O actual Lugar de Moalde, durante o século XIaté ao XVI foi o mais importante desta paróquia. Em1021, D. Unisco Mendes e seus filhos, fazem a sua doação ao Mosteiro de Vacariça, e em 1130, nova doação é feita por Veremundo, ao Bispo D. Hugo, de metade de Manualde.
Aparecendo documentada nas inquirições de D. Afonso III em 1258 e no censo de 1527, até 1643 dizia-se paróquia de S. Mamede de Moalde e também daErmida. Enquanto isso, à designação de Infesta, se a havia já, dava-se-lhe pouca importância pois significava o que todos já sabiam, isto é, que a paróquia se estendia, desde uma espécie de "planalto" ou cimo de monte pelas encostas desse até às terras baixas e férteis.
A actual Igreja Matriz foi projectada pelo arquitecto portuense Pedro de Oliveira, inspirado naIgreja da Trindade.
O lançamento da sua primeira pedra, data de1864-08-27, devendo-se o facto a um natural da terra, então radicado no Brasil. Falamos de Rodrigo Pereira Felício, - falecido no Rio de Janeiro em 1872-07-27 - que para tal evento enviou a enorme quantia (para essa época) de doze contos de reis.
No seu interior, destaca-se o retábulo da capela-mor representando a Eucaristia e o símbolo - imolação do cordeiro -, da autoria do pintor Francisco Pinto da Costa. A maior parte da talha é proveniente do convento de Monchique.(...). A imagem do Senhor dos Passos, é oitocentista, belíssima.
A existência do Largo da Ermida induz a
interpretações equívocas quanto à designação da Vila e da Capela que nele existe. Uns consideram-na a primitivaMatriz, outros afirmam que a Aldeia da Igreja era o centro onde esta sempre tinha estado: "Mais tarde, a Igreja Paroquial passou para o Lugar da Ermida(...) existindo ainda hoje, na Ermida, a Capela de Nossa Senhora da Conceição".
A Capela de Nossa Senhora da Conceição que se julga datar de 1643 e que as "Memórias Paroquiais de 1758" diziam pertencer ao "Venerando Balio de Leça, a qual reedificaram os moradores à sua custa", foi reconstruída em 1804 e Matriz durante a edificação da Igreja.
Durante séculos, S. Mamede foi freguesia do"Couto de Leça do Venerando Balio, concelho e comarca da Maia", como consta das "Memórias Paroquiais de 1758":
"... E esta freguezia, e as coatro, q. estam de marcos adentro deste Couto, que sam: Santiago de Costoyas, Sa
Transformado o Couto em Concelho, com a sua extinção em 1836, S. Mamede, Custóias e Leça, passaram a incorporar o concelho de Bouças. Todos os lugares eram aldeias, excepto Moalde com o seu ar de vila minhota.
Na Rua de Moalde, merece realce a típica Capela do Senhor da Boa Fortuna da Cruz das Almas, hoje denominada Capela do Senhor da Boa Fortuna e da Boa Morte e todo o conjunto oitocentista que a envolve.
De entre os monumentos modestos, há no Lugar da Devessa, anexa à Casa-Museu Abel Salazar,(...) aCapelinha de Nossa Senhora da Apresentação, do século XVIII.
A Capela de Santo Antoninho do Telheiro construida em 1786, foi fruto de esmolas deitadas num nicho colocado na velha estrada do Porto, em 1775.
Em Picoutos, temos a Capela de S. Félix, barroca, com talha proveniente de famosa oficina Portuense. Foi construída na transição dos séculos XVII e XVIII, nos terrenos da já extinta Quinta de S. Félix de Picoutos.
Também do Séc. XVIII, é a Capela de S. Cristóvão.
É no entanto, a Quinta das Laranjeiras, a mais conhecida desta freguesia.
Com referências documentais que remontam à Idade Média, esta quinta é uma antiga propriedade rural, constituída por uma série de edifícios e estruturas de caractrísticas arquitectónicas atribuídas ao Séc. XVIII.
A já
referida Casa Museu Abel Salazar, é a casa onde o cientista e pintor, nascido em Guimarães em 1889, viveu entre 1912 e 1946 e onde se conserva uma só parte da sua obra de artista.
Tem um interior muito sugestivo e uma notável colecção de pintura, de trabalhos em metal e cerâmica, esculturas em madeira, artefactos, livros e manuscritos de filosofia.
É uma síntese do pensamento que se vivia noPorto na primeira metade deste Século.
Para que tal espólio tenha chegado até aos nossos dias, muito esforço, no entanto, foi necessário.
Primeiramente, e para que tal Fundação se podesse legalizar, constitiu-se a mesma em cooperativa, em 1963.
Após o falecimento de viúva, em 1965, aFundação Calouste Gulbenkian viria a comprar a casa e o seu recheio.
Em 1971, adquire valiosa colecção de obras artísticas pertencentes a sua irmã.
Finalmente, executa obras de restauro e constói um Pavilhão de Exposições.
31 de Maio de 1975, é a data em que estaFundação doa todo este espólio à Unibversidade do Porto.
No último andar, conserva-se, intacto, o seu pequeno quarto de dormir. Objectos de uso pessoal, podem ser observados numa estante.
Tendo Abel Salazar obtido o seu Doutoramento na Faculdade de Medicina do Porto, em 1915, foi já como Director do Instituto de Histologia e Embriologia, que realizou vários e notáveis trabalhos de investigação, criando, ainda, novos métodos de técnica estológica entre eles, o que o tornará mundialmente conhecido, - o método tano-férrico.
Outra construção, se bem que modesta, digna de menção, é a antiga Estação de S. Mamede comazulejos a decorarem as suas paredes exteriores.
São merecedores de cuidada observação.
As cenas bucólicas ali representadas, remetem-nos para tempos remotos, em que o ar puro e a tão romantizada frescura campestre ainda eram uma realidade por aquelas terras, à mistura com outros representativos dos mais relevantes símbolos da Invicta Cidade; osBarcos Rabelos, a Ponte Luís I, etc.
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